- Graça, que papel dobrado é este?
- Nada, não dona Júlia. Deixei pra lá, mas Graça tinha mania de fazer favores pro Carlos. E se aquilo fosse bilhete de alguma sirigaita e ela tivesse encontrado sem querer no bolso do paletó? Resolveu averiguar.
- Graça! Venha aqui por favor! - O que é que tinha naquele papel?
- Ah! Bestagem dona Júlia! Um poema do seu Zé da padaria, acredita que o homem estendeu os olhos em mim?! - Acredito sim, deixa eu ver! Graça no dia a dia era uma serviçal comum, mas produzida podia agradar muitos homens. Estaria certo o seu Zé de se engraçar pelas suas mechas loiras e tirar de cabeça que o papel tinha a ver com o “seu” Carlos, já lhe traria paz de espírito. Graça demorou trouxe o papel já não dobrado.
E fico aqui nas horas como quem espera pelo pão, mas espero é pelo meu... e por todo bem que fará aos meus filhos... não esquece o pedido que lhe fiz...
- conversa estranha! Isso lá é poema, Graça?! - Eu já rasguei a maior parte! O homem tem 4 filhos, dois pequeno, ele quer é mudar meu emprego para um sem salário em nome de um amor que pode nem valer a pena. - Vou querer não, dona Júlia! Prefiro continuar trabalhando pra senhora. Júlia reconheceu inteligência no raciocínio rápido de Graças e devolveu o papel. Sorte da sua paz de espírito foi não te presenciado bem cedinho na manhã seguinte, seu Carlos perguntar a Graça, quase em sussurro, enquanto ela preparava o café: - Por acaso você não achou um papel dobrado no bolso do meu paletó azul marinho?!
- Achei não senhor. Mas sussurrou de volta:
- Se era coisa muito importante depois vou procurar, viu?!
Marília L Paixão