Se é para uma linha me costurar, vou virar caderno. Nele, antes de remendar-me por engano num terno, pedirei que entorne uma poesia.
Assim seria lida depois de acabado o tempo jovem e começado o tempo idoso. Enquanto não, desfila pela avenida a alegria do mundo.
Mundo que enquanto brilha por um lado, por outro se garante com mais artilharias. Por aqui se esparrama feito lama em pés humanos e também de geladeiras e sofás.
Vai costurar estes fatos em minhas páginas? Oh, não! Me enfeite um pouco com seus poemas desolados ou com uma foto do seu corpo tão bonito e frágil.
Sim. É na dor que a poesia fica mais bela. De uma forma ou de outra, a costura se acerta depois de escorrido algum pranto.
Marília L Paixão