A noite morre bem de manhãzinha enquanto os sonhos adormecem. Esta é a hora em que meu cérebro vacila feito caneta em falta de tinta e fico com um mix de pensamentos indecisos. Um ponto ambíguo se instala nesta parada obrigatória.
Parei para pensar ou dispensar a obrigação do belo registro das letras? Talvez passe despercebido até a mudança de cores do cenário natural da vida. Dia e noite não brigam entre si. Por que os humanos deveriam brigar?
Não muito longe, vejo a criança que sente o aperto forte da mão da mãe na sua a caminho do ponto do ônibus. Observa o coleguinha acenando para ele do carro que passa pelo portão do condomínio.
- Mãe, ele falou na escola que eu posso ir de carona com ele.
- Ele pode ter falado, mas a mãe dele não.
- Ué, Porquê não?! (Caiu do céu um silêncio.)
- É porque somos pretos?
- É porque a alma do seu amiguinho é diferente da alma da mãe dele.
- Mas isso não dá pra ver!
- Só de olhar não. Tem que aprender a sentir.