A tela dividia o homem em dois toda vez que era olhada. Por vezes o dividia em três.Graça decidiu parar de olhar. Não era um desenho seu e aquela arte parecia sinistra.
Ao redor pessoas discutiam por nada, por tudo, talvez até por cores sem nomes. Graça olhou mais uma vez para a tela. O homem diminuía e aumentava e seu rosto distorcido ria.
Queria sair dali e Dali talvez entendesse o significado das imagens. Mas sair sem levar a mãe junto, não poderia. E a mãe discutia com o homem.
-- Você deve pagar suas próprias contas
-- Para você não se importar, eu devo ser um filho falso .
Graça gostaria de mudar o canal daquele filme triste. Mas tão impossível como mudar a tela em que o homem crescia e se multiplicava, pensou em apertar o play.
Foi quando ele saiu da imagem distorcida para a real feito um touro disposto a lutar com quem estivesse em seu caminho. No caso de Graça, cuja preocupação era a mãe, perdera só as imagens. Imagens do homem que já fora bom. O homem que deve lidar com suas distorções.
Seus calçados se livram das meias onde sentimentos não existem e suas meias não se livram de seus passos vazios. De nada vale múltiplas sabedorias, zero sensatez e zero amor.