A mãe conservava o olhar complacente sobre o filho amuado e cabisbaixo que espiava sobre a fresta da janela. Ela fez o mesmo. Os coqueiros combinavam com a calmaria da praça, andantes e senhoras sentavam cansadas com sacolas de compras. Após minutos elas se erguiam e iam embora.
Depois vinha um vento varrer a praça e dispersar os andarilhos. A fonte era ligada e apareciam crianças eufóricas. Tarde da noite, algum sem lar voltava para dormir. Esta era a rotina. Tosse não ouvida, fome não sentida, sede não saciada.
Dona Elza ouviu dizer que ali colocariam uma academia ao ar livre e contou para Júlio.
--- Isso é coisa da cidade, mãe.
--- Dona Fia quem disse, deve ser verdade! E Júlio gostou da novidade.
Passaram a vir moças bonitas que iam embora suadas e livres. Era o que ele queria da vida. O movimento, o suor e a liberdade.
- Mãe, eu quero ir na praça.
A mãe emendou seu sorriso com o de quem descobria um novo sentido para a vida. Agora sim ele aceitaria a cadeira de rodas.