Jonas escrevia contos mensais para uma revista. Essa fazia aniversário na mesma data do seu casamento. Ambos duraram duas décadas. Pensava na mulher que escolhera para o todo sempre. “Para sempre” devia ser coisa de conto e assim sendo decidiu que seria este o título. Para sempre estaria livre de mentiras gentis, de contas do salão de beleza e de cumprimento de prazos para deixar escrito uma bela fantasia de vida em seus textos.
Ali, naquela tarde as voltas com o conto ela apareceu do nada ̶ “Eu não queria te deixar assim... amargurado” Amargurado? Ele? De onde ela tinha tirado aquele sentimento para doar-lhe? Das plantinhas sem vida? Da sua preguiça de beber para esquecer que ela não mais vinha? Talvez por nunca ter feito um conto belo e leve sem ela por perto. Será que sua tristeza estava assim tão visível. Quem disse que último conto precisa ser alegre?!
̶ E se eu voltasse para você? - Depois de todo o fuzuê para a separação, que conversa é essa? ̶ Sei lá, Jonas. Você é melhor com filosofia que eu.
̶ Por acaso suas fantasias de liberdade estão dando errado?
̶ Até que não, mas você continua aparecendo nelas.
Jonas sorriu. Sorriu por dentro, por fora, sorriu no sorriso dela. Se seria o último conto, as viagens de amor com a mulher, não. Quanto ao título, concordaram que poderia ser a volta do para sempre. E um pouco ressabiado, ele perguntou se era para sempre mesmo, ou se era só por conta do conto. A resposta estava no corredor em forma de seis malas. Jonas escreveu sobre crença em fadas e abelhas rainhas. No final, confessou ser um homem que não se cabia de contente.