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ALÉM DAS LETRAS PRETAS DOS JORNAIS
ALÉM DAS LETRAS PRETAS DOS JORNAIS
Marília L. Paixão
Eu já sei bem por que este será meu mês das crônicas. Não compartilharei todas, como já deixei guardada a que escrevi ao tomar meu café nesta manhã. Foi ao pensar em guardá-la que me deparei com minha gaveta entupida de versos. Foi ao abri-la que sorri. Eu que não iria passar meu dia relendo todos e assim que resolvi enfiar a mão e tirar um que seria o sorteado, nele você não estava e me senti vitoriosa. Prova que não escrevo só versos de amor.

Na verdade, faz tempo que não escrevo te amo, mesmo te amando.  Amamos o próximo o tempo todo sem dizer. A maioria das pessoas agem assim. Sentem o mesmo em relação ao país. É mais fácil manifestar desgosto que amor pela pátria e não faltam razões para isso e muito menos culpados. A lista seria enorme. Se não quiser pensar muito basta uma notícia de um jornal qualquer. São sempre más.

Olhe a primeira página do jornal. Se parar para ler com atenção muitas notícias se transformarão em coisas que irão direto para o inferno. Tem sempre um político querendo sair bem na foto enquanto muitos já esperam pela sua morte. Há notícias que roubam a ilusão de um futuro, outras dizem até que já não há futuro algum. Ninguém mais canta “Que País é este?” Este é o tal do país... A verdade é que já não há mais sonho e para muitos sobra apenas o contento com a tão discutível e famosa esmola.

Acho até que a melhor forma de manifestar amor pela pátria é através da poesia. Muitos o fazem sem dizê-lo. Os poetas brasileiros têm aumentado mesmo parecendo que o amor pela pátria tem diminuído. Ainda assim há os que se referem aos poetas com expressões pejorativas banais e acabam se transformando em cronistas. Há cronistas que se sentem com o rei na barriga como se fossem os reis da escrita. Há diversos tipos de cronistas! Vou dizer aqui sem dó de nenhum deles: são mais frios que belos!

Quanto a mim?! Pobre de mim, quem sou eu? Sou apenas o rascunho de tudo que pretendo ser. Quero ser mais que um cronista! Quero ser muito mais! Quero ser mais que um poeta, muito mais! Quero mesmo é ser a grafite do lápis voando... E no céu que eu alcançar vou gostar de escrever com letras pretas que a todos vocês, eu amo.
Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 07/01/2008
Alterado em 07/01/2008
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