Passeio ao vento - BVIW
É preciso estar entre meio silêncio do mundo para descobrir qual nos habita. Depois abrir a porta que vai ao longe e tentar sentir tudo que está perto.
Longe e perto, perto do deserto. Longe e perto, perto do tédio. O amor some junto ao silêncio que se veste de tristeza.
Carla daria um palmo de luz para não estar ali na soleira da porta a divagar sobre a vida, sobre o feito, o não feito, o amado ou perdido na passagem do tempo.
Seus pensamentos foram entregues ao sino da igreja que lá longe, começara a bater, mas apanhava mesmo era da voz rude do marido:
- Vai ficar conversando com o vento como se não tivesse serviço na cozinha? Que horas o meu almoço ficará pronto?
- Não vai ficar. Estou tirando folga do seu jeito de ser hoje. E o que eu vou fazer?!
- Vou passear com o vento.