Marília L Paixão
Sem herdeiros, cem palitos de fósforos queimariam em vão; sem saleiros, sem rimas poéticas, ou quem sabe, cem anos de solidão.
E se penso nesta obra tão cheia de estranhezas, seu contexto beira o surrealismo de um quase terror. Tantas gerações, tantas frustrações… Parecem herdeiros de bizarrices não esperadas.
Não é para amar ou odiar. Celina, a leitora que abandonou o livro que seguia arrastando um tédio que flertaria com o infinitivo e nada, absolutamente nada poderia ser mudado.
São tristes os herdeiros, uns herdariam o abraço da loucura, outros se emocionariam com alquimias. Neste romance sobre um assombrado cotidiano, um dos herdeiros foge deixando a mulher grávida perdido em um novo encantamento. Sobra um feto solitário esquecido na barriga. Celina trocara o livro pela série e ainda assim se revoltava:
- Não me identifico com mulher que come terra. Não leria por tanto tempo embrenhada num labirinto de esquisitices nada fantásticas.
De qualquer forma entende o valor cultural da obra por mais que passado todos esses anos. Assistiria a série outro dia, sem pressa, ou talvez, num dia sem desejo. Seu tempo é outro e toda aquela solidão sinistra não lhe atrai e não lhe prende. Parabéns ao escritor, mas ao final, diria: - Não é para mim.