A mocinha canta uma música de pagode enquanto serve um cafezinho para um senhor que com um olho procura uma broa e encosta o guarda-chuva no balcão da lanchonete. Ele tosse e faz um pigarro próprio de fumantes e decide por um pão de queijo. Seu ano novo começava assim. Reparou na alegria da menina. Seria seu primeiro emprego?
No ano novo do ano passado, ele ainda tinha a esposa. Enfraquecida pela enfermidade, mas tinha. Lá fora um casal discutia do outro lado da rua como se as rusgas do ano velho não se importassem se o ano era novo. Nada mudava naquela estação. E a palavra estação lhe lembrava “Love in vain“ de Roling Stone. Essas lembranças o faziam feliz de ter vivido e provado de emoções tão distintas.
Se as pessoas soubessem como o tempo de ser feliz é curto, não desperdiçariam nenhum minuto. E ali estava ele num lugar tão comum; que poderia ser em Amsterdã ou Rio de Janeiro. Até em Nova York se come um pão de queijo, mas nenhum, nenhum é como o mineiro. A vida é assim, com pães de queijo de todos os jeitos. Tudo depende de como é feito.
O passar dos anos também possui diferentes efeitos.
Marília L Paixão