As figas da ponte de Manhattan talvez nunca tenham testemunhado uma cena de amor como a do Titanic. Prováveis cenas com outros teores não foram dignas de serem eternizadas, haja vista o número de pessoas desesperadas que as escolhem para se despedirem do mundo.
Este não foi o caso de Jardel, que na verdade quando passava pela ponte com seu conversível, procurava era um jeito de guardar uns frutos proibidos do tio. E frutos, vocês sabem, ou são bem cuidados ou o vento leva. De qualquer forma, iria saber se poderia passear a pé por ali. Afinal, mesmo se não ajudasse o tio, poderia fazer umas fotografias sem seu carro correr risco algum.
Sem preocupar-se com permissão, lá estava Jardel em sua experiência desprovida de posses a admirar a vista dali. Encantado com o que sentia nem se lembrou do tio, ou da missão exigida por ele. De repente, seus olhos encontraram os olhos de Luzia , sua primeira paixão. Com os olhos vermelhos e as pernas balançando sentadinha na figa fixa daquele emaranhado de ferros parecia decidir-se entre um mal me quer ou bem me quer.
- Alfredo! O que fazes aqui?! - Oh! Luzia! Não fale meu nome verdadeiro tão alto. Ninguém pode me descobrir.
- Então vai embora seu merda. - Não sou isso mais não, Luzia. Se soubesse como está minha vida, você saia já daí. Sou um homem rico, Luzia!
- Então está esperando o quê para me dar a mão e me levar para ver o sol .
E foi o que Jardel fez, não sem antes bater uma fotografia.
Marília L Paixão