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VOCÊ QUASE ESBARROU NO MEU CAFÉ!
VOCÊ QUASE ESBARROU NO MEU CAFÉ!
Marília L. Paixão

Mais uma viagem? Sim! Daquela em que passei doze dias na direção do carro fui bastante feliz. Depois veio aquela feita em ônibus, rápida, mas chata! De novo enfrentarei um ônibus. Sempre que viajo em ônibus não sei se volto. Gosto mais quando eu mesma me conduzo. Gosto de ser eu o meu motorista. Sinto-me mais segura e também mais certa de que se algo acontecer a culpa não será nem minha e nem do bom Deus que me protege sempre. A culpa neste caso seria do destino, do feliz destino, pois se algum dia tiver que morrer por culpa da sorte, se for dirigindo será uma morte feliz. Isso me faz pensar que está seria a morte que escolheria se algum dia tivesse a opção de escolher como morrer. Este dia podemos deixar para daqui a uns vinte e tantos anos.... rs.....

Por agora o caminho que escolho é o de querer sempre um pouquinho a mais das coisas boas que vier ao meu encontro. Do café, por exemplo, um bom tanto de água e nada de açúcar, do pó qualquer tanto está bom. Uma xícara só, não! Duas por favor! Que melhor que uma boa xícara de café, com certeza, duas! Quem não gosta nem sente falta, mas quem gosta, gosta!  Também ando gostando de pensar no futuro.

Às vezes paro e penso no porquê das pessoas que gostam de me ler, gostarem. Fiquei pensando, pensando e descobri que de tão simples ser o motivo ele é quase igual ao meu de escrever: Estar à vontade. Sentir que podem parar de ler mesmo estando com vontade de terminar a leitura da mesma forma que escrevo sabendo que posso parar em qualquer ponto ou vírgula sem nem saber se irei fazê-lo ou não. Parece que tudo depende deste nosso estado natural de querer ou não querer, de estar ou não estar, sentir ou não sentir certo fio da meada aqui e outro ali que nos faz seguir em frente para ver no que vai dar.

Neste momento nos encontramos. Ficamos sem saber o que fazer com o momento e o achamos belo. Parece que a nossa distância diminui com um suspiro ou um sopro. Dependendo do tempo podemos chegar a trombar um no outro. Ups! – Desculpe-me! Não estava vendo direito. – Não foi nada! – Eu também não estava prestando atenção. Mas na verdade, a gente gosta de gostar um do outro. A gente gosta de ir lendo o que o outro escreveu para a gente. Nos sentimos especiais. Foi isso que eu descobri. Que eu escrevo para pessoas especiais. Estas pessoas sempre voltam. São para elas que escrevo com essa leveza, com essa despreocupação sem fim.

Essas pessoas não se preocupam com o livro que li ou não li. Com o filme que assisti ou não assisti se fui ao teatro ou não. Elas sabem que não precisam de dinheiro no banco e nem crédito no cartão. Elas sabem que no banco das palavras somos todas belas. Sabem também os escritores mais moços que aqui há um bom faro para os jardins das suas mais novas aventuras literárias. Todos sabem que enquanto se aprende também se ensina muita coisa.  Nossa! Você quase esbarrou no meu café!

Mas não foi nada! Se tivesse esbarrado também não teria problema. Apenas viajarei amanhã e teria tempo até para escrever-lhe outro texto. Não vou lhe oferecer deste café por estar fraco. Preciso dormir um pouco antes de partir e café forte me tira o sono. As pessoas especiais merecem café no ponto. Caso eu não volte, deixo este texto com pouco pó, mas muito amor para todas elas.

Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 20/01/2008
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