Maria Clara não cabia em si de contente. A Globo News exibiria naquele sábado um filme sobre Maria Bethânia. Só de ouvir o nome, lembranças de canções embalavam um passado tão bem vivido…
Se tratava de um documentário dirigido por Carlos Jardim. Iria ao ar às 23:30. Maria Clara estourou pipocas, subiu coca cola para o congelador que calor do Rio estava insuportável mas com certeza até o Cristo Redentor estaria com os braços mais abertos para ouvir Bethânia. Ela, por sua vez, deu uma arrumadinha na sala. Descansou seu cansaço enquanto esperava, comovida, pela cantora.
Deu um bolo à pressa de viver para dedicar-se aquele momento único.
Engraçado era o título do filme: Maria, ninguém sabe quem sou. Indignou-se
- Sabemos sim! Você é a abelha-rainha, que recita Fernando Pessoa, que canta Caetano, Buarque, Gonzaguinha e outros tantos mestres que lhe tocaram o coração. Você é a cantora que fez travessia em minha vida com trilhas e trilhas de amor em abundância.
Tão logo o filme começasse, se pudesse lhe perguntaria: Depois que Caetano compôs uma canção com seu nome lhe pedindo para lhe escrever uma carta enquanto ele estava exilado em Londres, você escreveu? Você se importa se eu perder alguma de suas falas se eu estiver chorando?
Marília L Paixão