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MINHA MELHOR CRÔNICA
MINHA MELHOR CRÔNICA
Marília L. Paixão

Nos encontramos às cinco, mas você não estava lá. Combinamos então de nos encontrar antes das onze, mas você chegou primeiro e eu não fui. Pior que tudo isso foi sempre achar que te amava mais e você nunca ter se desculpado. Um dia você pediu perdão pelo que não sabia e eu nem escutei. But life goes on! Doesn’t it?

Mas diga se você não pensa que o sol passou a existir depois do dia em que você nasceu? Eu e minha mini inteligência éramos nuvens e chorávamos enquanto você não chegava. Talvez não significasse nada o fato de eu ser lua só por você ainda não ser estrela. De qualquer forma enquanto vocês tentam entender se os amo sim ou não, quero que saibam que não voltei de viagem ainda, mas ando me divertindo pacas!

Tomei quatro cervejas em lata com uma irmã que é a melhor coisa deste mundo. Nós a apelidamos de “Gatinha” desde crianças e ela nunca deixou de honrar o nickname. Acho que conseguiu isso tanto pela forma doce e calma quanto pela aparência linda, mas principalmente por possuir uma alma incrível.

Vocês vão me desculpar mas por essa noite e muitos outros trilhões de motivos, essa crônica eu dedico a ela. Se eu tivesse que mudar o nome deste texto pensando nela, nada seria melhor que “Paisagem Serena”. Agora mesmo ela estava lá deitada com a televisão ligada para clarear o caminho enquanto aguardava minha volta sem nem saber que eu estava ao redor deste papel tentando escrever sabe Deus lá o quê. Fui lá e abaixei o volume todo da TV e deixei a claridade como ela deixou. Ela já dormia...

Talvez um dia ela saberá que deixou foi aceso o caminho deste texto com sua candura. Ela que nunca quis ser estrela de nada, tentou umas poucas vezes o vestibular para Medicina e criou tão lindamente duas moças lindas. Acho que as pessoas que são felizes conseguem deixar rastros de paz por onde passam. Eu sempre que penso na tranqüilidade que essa minha irmã tem mesmo ao lidar com os mais delicados assuntos, penso que ela na verdade deve ser meio anjo. Deus quando me compara com ela deve pensar que eu sou o contrário. Claro que eu nunca vou perguntar isso para Ele. Pelo menos metade dos defeitos e metade das loucuras prefiro pensar que Deus perdoa.

Devo ou não devo mudar o título dessa crônica? Poderia ser chamada “Paisagem Serena.” Mas já que é dedicada à minha irmã Gatinha, prefiro pensar nela como minha melhor crônica. E enquanto não fizer outra pensando em outra irmã ou em todas as outras, esta fica sendo a melhor. Para oficializar vou dar um final meio maluco como o início desta.

Era numa casa modesta de três quartos onde vários corações dormiam que muitas de nós fomos nos apaixonando pelos meninos lá de fora. Meninos que atiravam pedras nas mangas rosas do terreiro. Meninos que nos assustavam ao baterem muitas palmas no portão. Mas Gatinha se preocupava em pentear os cabelos, calçar as sandálias primeiro... Poderia ser o José, poderia ser o Lúcio, poderia ser o garoto do Japão. Mas se fosse um dos garotos que era fã da Gatinha, não poderia faltar beleza não.
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Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 04/02/2008
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