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AS MOÇAS POBRES DE HOJE
AS MOÇAS DE HOJE
Marília L. Paixão

O primeiro beijo pode ser o inesquecível ou o mais banal. Pode ser como sentir frio ou como tomar um sonrisal. Pode ser cheio de medo ou de sonhos. Pode ser cheio de nada ou um tombo. Pode ser como apanhar de uma rosa em que você não esperava haver espinhos ou pode ser doce como nuvem de algodão. Fala se não é verdade?!

O primeiro namoro pode ser cheio das coisas que a gente nunca sabe e pensa que sempre soube como seria. Pode ser além do imaginário, pode ser bem esquecível, inocente ou até sem brilho. O importante do primeiro namoro é se ele dura tempo suficiente para deixar muitas coisas boas para se recordar. Será que todos vêm com cartinhas de amor? E agora? Os namoros de agora merecem mais que e-mails? Bastam os telefonemas e torpedos? Cada época com seu sorriso no meio. As tais cartas ridículas de amor não mais existirão? Haverá tempo? Haverá razão? Ou será que “ficar” não inclui declarações primárias daquelas que fazem bom uso de palavras ou lábia?

Mas o fulano já ficou com a beltrana... E daí? Não estão ficando mais não! Será?! Que importa? Bata na ex amiga com a porta! Passem a fingir que nunca foram mesmo amigas do peito. O que é do peito hoje em dia? Talvez só o sutiã... E olhe lá! Nas escolas as meninas brigam tanto quanto os meninos e tem sempre um namorado de uma na história da briga de uma com a outra. E o tal do namorado não é “o namoradinho” É o “homem!” o macho. Brigam pelo “homem” delas as mocinhas. Mas aí o que elas chamam homem delas é o mesmo um para as duas. Coitadinhas! Que homem é este? Homem nenhum! Um rapaz que parece até mais menino que elas. Mas tem seu charme escondido dentro de um boné com sua corrente no pescoço e tatuagens não sei onde.  As moças pobres acham isso o máximo! Mas se é de uma e é da outra a nenhuma pertence, não é mesmo?! São ou não são pobres moças essas moças?

Lembrei-me de uma noite inocente quando lá para os anos 70, bem no final, o meu primeiro namorado com as bênçãos da minha mãe me levou a um bar com música ao vivo. Era um programão! Música ao vivo começava mais tarde e para minha mãe ter permitido o programa era devido ao fato do meu namorado ser muito gente boa. Lá estava eu toda comportadinha com o meu querido na noite que eu nem sabia que seria uma noite de aventura. A música ao vivo ainda nem tinha começado e já tínhamos pedido nossos drinks. A pura inocência pediu um suco de laranja com bastante gelo e “canudinho”, por favor! O tal do meu namorado pediu uma bebida quente. Lembro que ele fumava muito e eu estava achando ele um pouco engraçado aquela noite... ‘Será que ele também não tem costume com este local?” Divagava a inocência...

O comportamento engraçado do meu tal namorado logo se esclareceu. Veio de novo a moça com os drinks. Ela colocou meu suco de laranjas com canudinho e tudo na mesa sem olhar para metade da minha cara enquanto eu bem que olhava para a dela. Acho comum até hoje olhar para a pessoa que nos serve e agradecer em seguida. Tudo foi muito rápido! Não cheguei a experimentar do meu suco de laranja. Talvez meu ex namorado sim! Ele disse não sei o quê para a moça. Sei que ela jogou o drink dele na cara dele e não bastando jogou o meu suco de laranja nele também! Xingou o safado de um monte de coisa inclusive safado e se mandou para dentro do bar. Se não me falha a memória ouvi algo parecido com “Pensa que sou Piranha?” Não tive muita certeza. Mas fui embora para casa sozinha pensando: Será que ela era? Divagava tentando ser menos inocente... Enquanto me sentia envergonhada com a cena.

- Que loucura!!! Você já conhecia a moça?! Perguntou a inocência...
- É.. Nós já tivemos um caso.... mas tem muito tempo... Respondeu o safado
- Então se resolve aí que eu vou voltar para casa. Ela parece com uma raiva de ontem! Não parece raiva antiga não. Melhor você conversar com ela.
- Não! Me espere aí! Você não pode ir para casa sozinha. Sua mãe não vai me perdoar.

Com certeza que se minha mãe tivesse sabido ela não teria perdoado. Como ela nunca ficou sabendo dessa história só quem não perdoou fui eu. Era muito inocente para conseguir perdoar essas coisas. Essas coisas que as moças de hoje vivem aos tapas umas com as outras para não perderem o safado.







Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 14/02/2008
Alterado em 14/02/2008
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