MINI CRÔNICA PARA MENTES DESCANSADAS
Marília L. Paixão

O tempo gira e por ele pessoas, objetos e animais se encontram. Muitas coisas são apresentadas, muitas ensinadas e poucas são aprendidas. Tudo depende de cada um. Uma noite mal dormida, por exemplo, ainda não ensinou ninguém a ter uma bela manhã.

Manuais e diários são escritos e nem quer dizer que são fáceis de usar ou interpretar. Uma vez escrevi uma lista de diários, já que nunca tive diário nenhum. Ou já tive? O que mesmo que o amor não inventa?!  Mas vamos falar dos que eu não escrevi, por que esta fase foi aquela em que o coração morria de bobo. E esta crônica especialmente não quero que tenha nada de doce. E todos sabem que o amor adoça o mundo.

Hoje estou determinada a ser um pouco má comigo mesma. Primeiramente por ter me proibido qualquer sobremesa e já dá um certo mal estar imaginar a vida sem algumas coisas. Não vai durar nada essa proibição! Mas aqui vai a lista dos diários que eu escrevi numa época em que num outro site o povo inventava diário de tudo quanto era coisa. Fui me cansando da febre dos diários e escrevi isso:

Velhas sugestões para novos escritores

Diário de classe da classe mal remunerada
Diário de lista de mantimentos dos novos inventos (também dos escritores)
Diário das meias furadas.
Diário dos bichos perdidos da floresta.
Diário das adolescentes com frio na barriga.
Diário das vasilhas das donas de casa
Diário das gorjetas das garçonetes.
Diário dos abortos das secretárias.
Diário das brunas e dos surfistas.
Diário dos turistas seqüestrados.
Diário dos favelados que vivem das drogas e tornam-se líderes ricos.
Diário dos invasores de terras bem armados e bem protegidos pelo governo.
Diários dos crimes hediondos praticados por menores que vivem fugindo da Febem.
Diário das guerras petrolíferas.
Diário dos presidentes que querem socialismo ou morte. Morte!
Diário dos presidentes sem cultura, pedra mole é pedra dura!
Diário da decadência da escola pública.

E finalmente...
Um diário das outras coisas importantes que eu possa ter esquecido.
Deixando bem claro: que o valor dos diários da sua ausência e presença é inestimável
Intocável e inesquecível..