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RUAS VERDES
RUAS VERDES
Marília L. Paixão

Outro dia saí para caminhar e acabei fazendo um picnic numa esquina de uma padaria. Achei maravilhoso estar ali naquela paz de sábado de manhã observando os carros que passavam. Tinha ao meu lado uma adorável amiga e ao lado dela me esquecia até dos palitos de chocolates que eu comia. Que delícia! Às vezes ela me olhava como quem queria dizer que eu ia me arrepender, mas por dentro eu sentia que estava tudo uma delícia. Com muita freqüência eu sinto a paz do envelhecer e é uma paz verde.

Eu gostaria de poder ensinar muitas coisas para essa nova paz, mas ainda não consigo me dotar de paciência. Principalmente quando se trata de paciência com pessoas pouco vividas. Com mais uma dúzia de anos quem sabe eu já não tenha aprendido a ter um pouquinho mais de paciência. Tudo é possível. Deve haver no mundo um tapete mágico bom até para os nossos tropeções. Eu tropeço sempre!

Por ruas verdes cada vez mais descubro que escrever deve ser um ato realizado em plena harmonia do que se deseja ser ou oferecer, mas primordialmente, do que se é. È muito mais fácil distribuir o que sentimos ao escrever. Me sinto praticamente pendurada em um varal quando escrevo. Hoje estou com mais vontade de chorar que de escrever. Se fosse uma roupa no varal poderia estar pingando. E se não tivesse que estar de pé tão cedo amanhã, tomaria um vinho que sempre me ajuda a dormir mais rápido. É que ainda não aprendi que nem tudo que a gente sente pode ser escrito e quando eu escrevo eu quero mais é escrever qualquer coisa. Qualquer coisa. E quando digo qualquer coisa, se ela parecer tediosa, para mim não é problema. Nunca obrigo e nem fico insistindo para ninguém ler minhas coisas, tediosas ou não.

Problema é um outro não gostar das minhas ruas verdes e ainda assim insistir em querer passar por elas. Pensa bem se vou ficar percorrendo um caminho que não gosto?! Cada um tem a sua rua, sua cara e suas cartas. Se eu tento dar uma sugestão sábia e alguém não gostar que apenas a ignore. Ninguém cobra para dar conselhos e nem eu!!! Cansativo mesmo é a repetição de comentários sobre comentários e mais comentários maldizendo o comentário. Não é um tédio essa tal reclamação de comentários?! Isso é que é tédio. Disse que é difícil para amadores comentar como se fossem doutores. Às vezes ficamos sem jeito de comentar até um texto que gostamos. Imagina se vou perder meu tempo comentando um texto que não gosto ou que eu não li por inteiro?! Sem falar na quantidade de pessoas que escrevem aqui sem grandes ambições. Já pensou você estragar o dia de uma pessoa só por que você quer dar uma de crítico construtor?

Mas eu sou uma pessoa que esqueço que escrever é uma coisa e minha fala é outra. Mas só que aqui neste espaço virtual a escrita ganha a fala e eu não contratei nenhum crítico literário para analisar minhas simples “obras”. Eu sei que um bom crítico de verdade cobra uma fortuna. Imagina se iria contratar um amador só para dizer se sou tediosa ou não?! Senti até vontade de rir! Eu ri...RS...estou rindo...já melhorei! Eu mesma sei quando sou. E quando sou eu me rasgo. Também sei que quando me exponho aqui estou jogada à sorte de ser rasgada por uma ou outra pessoa. E se for por várias, Que seja! Eu não nasci para agradar inteira Dinamarca, e menos ainda toda a nossa América latina. Mas precisa um jovem depois de rasgar querer jogar na minha cara?! Parece coisa de menino que fica com raiva ao tirar zero  na prova, amassa e joga na lixeira para não mostrar para os pais.
A isso, eu chamo de absoluto desrespeito. Mas desrespeitar pessoas mais velhas faz parte da juventude. O jeito é rir mais um pouco e voltar a me sentir feliz por não mais ser tão jovem.

Amanhã terei um dia muito feliz e também muito ocupado e talvez nem tenha tempo para visitar o site. Depois eu voltarei para ler tantas crônicas aqui escritas e que não tive tempo para ler ainda. Feliz porque o gol chegou hoje e será entregue amanhã. Ocupada por ter mais de uma reunião para participar. O tempinho de sobra será para cuidar das coisas do carro. Tadinho, ele merece um som para o novo Cd da alanis: Flavors of Entanglement. Enquanto este CD novo não parar em minhas mãos não vou parar de falar dele. Eu sou mesmo um tédio, Será? Mas deve ser só na escrita! As pessoas que convivem comigo dizem que sou mais agitada que uma batedeira elétrica.

Eu sou folha verde ficando marrom. Eu sou folha marrom ficando verde. Eu sou quase o que eu não sei ainda se darei conta de ser por completo. Eu queria ser um bicho esperto, mas nasci um baby comum demais. Do ventre para o chão foi um pulo! Depois de mais velha fui ficando audaz. Ando ousando tudo. Às vezes paro e sinto o cheiro. Às vezes experimento com cheiro ou sem cheiro. Às vezes nado, ás vezes caio. Não deixo de me levantar. Não gosto de poeira. Deve ter uma parte em mim que quer ser estrela.

De qualquer forma, não se importe se brilho muito ou pouco, não sou sua sereia. Sereia não sou nem para mim e nem para o falso espelho nos dias em que me acho linda. São dias verdes! Os dias verdes são para todos. Eu quero que todos os que gostam de mim tenham dias azuis. Muitos dias azuis! Os dias verdes chegarão. Não se preocupem. Os dias verdes chegarão para os jovens de hoje também.
Tomara que todos os jovens possam ter dias verdes comendo palitinhos de chocolate.
Que delícia!



Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 04/03/2008
Alterado em 07/03/2008
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