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MINAS DE OURO PRETO E BRANCO
MINAS DE OURO PRETO E BRANCO
Marília L. Paixão

Neste feriado, fui visitar uma irmã. Foi mais que uma visita! Foi uma pequena missão. Engraçado como o amor maior acompanha muito dos nossos atos. Havia convidado minha mãe e esta só iria se tivesse companhia. Ela e a companhia me encontrariam na rodoviária de Belo Horizonte, o que encurtaria e facilitaria minha viagem.

Mas faltou companhia! Uma outra irmã que sempre se candidata a essas nobres missões, “gatinha” desta vez não podia ir e tive que reconhecer sua impossibilidade. Tentamos então com um adorável sobrinho, que vive sorrindo. Este possui uma natureza de flores se abrindo nos lábios e nos olhos que brilham. Que menino encantador é este jovem. Quase que foi, mas acabou não indo.

Liguei na quarta de manhã e perguntei para mãe:
- Está prontinha para viajarmos amanhã?
- Não. Para eu ir só se você vier me buscar.
Fui. Deixei de trabalhar na quarta à noite. A viagem seria na quinta de manhã. Deixei de dormir na quarta à noite e dirigi às treze horas de Pouso Alegre a Valadares só para a mãe ir junto! Chegando lá deitei por duas horas antes de sair de novo e ir para Ouro Preto. Lá perto estaria a moça que acha que quem é bom não precisa dizer. Então ao chegar eu disse apenas: que bom ver você!

Desta vez, a boa que não pode dizer, na verdade não disse nada ao lhe ver abraçando a mãe. Aquilo já valia a viagem toda. Era para aquele sacrifício que eu tinha dirigido naquela noite anterior. Com certeza de todas as ajudas que havia dado, tipo um bom chocolate e cash da última vez que a vi, desta vez só levava um pijama novinho de inverno, o mais quentinho que havia na loja, umas duas camisetas e mais uma quase dúzia de outras peças ex minhas de inverno incluindo um casaquinho que eu gostava muito. Breve ela estaria experimentando de um frio inexistente em Valadares e ia precisar.De todas as ajudas que pude dar aquela era a maior: unir mãe e filha!

O grande prêmio dessa viagem era conseguir o grande feito de aproximar as duas. Aquele era um casal de mãe e filha que passaram a maior parte da vida entre tapas e maldições. O motivo daria outra crônica, mas não merece uma crônica. Falta de amor nenhuma merece nada. Mas não é que essas duas estavam mudando com a idade? Estaria minha mãe produzindo paciência e a minha irmã caçula jogando fora um pouco da doença? Todos estes momentos eu fotografei bastante! O resto da família precisará ver as fotos para acreditar!

E eu nesta história?! Qual meu papel? Estaria tendo o meu momento brega, como diz a Maria Alice Zocchio? Ou estaria só tendo mais um dos momentos de quem é bom não precisa dizer? Não pensem que sou a boazinha. Também estou me redimindo. Já fui muito distante! Devo estar acertando umas contas com Deus já que não rezo. Eu bem que queria subir muitos daqueles morros de Ouro Preto e curtir muito dos detalhes. Mas minha mãe consegue andar muito pouquinho.

Sem contar que no sábado ela escorregou depois que visitamos a Igreja do Pilar. O pé dobrou. O dedinho do pé virou, mas nada quebrou. Que susto! Por falar nesta Igreja da matriz do Pilar, até eu que adoro Igrejas do lado de fora recomendo uma visita nesta pelo lado de dentro. É linda com suas decorações e histórias das época! Para os professores de Português, Literatura e história é um prato cheio! e para todo ser vivo em geral as histórias contadas pelos guias são muito interessantes.

Eu que queria vir embora no sábado cedo fiquei até o domingo cedo! Mãe tinha gostado do passeio. Mãe estava gostando de visitar a filha. A filha mais louca de Espanha estava tratando bem a mãe pela primeira vez na vida. No passado essas duas não passavam meia hora juntas sem o circo pegar fogo. Agora as duas em silêncio pareciam derreter feito chocolate. Não iam dizer uma para a outra que se amavam.

Nesta minha família, ouvir ou dizer frases de amor só se alguém encenasse uma peça de teatro e ainda assim iam achar estranho. Por isso que eu escrevo. Em silêncio eu posso dizer tudo. Até hoje não sei se minha irmã gatinha leu a crônica que escrevi para ela. Se leu ainda não telefonou para dizer. Talvez tenha lido se emocionado e ficado quietinha.  Nesta família, a única que não fica quieta, sou eu. Por isso que fui à passagem da mina perto de Mariana. Há minas de ouro em que há ouro até hoje, mas é melhor não dizer.
Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 24/03/2008
Alterado em 24/03/2008
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