AS RUAS FICAM MAIS BELAS
Marília L. Paixão

Nunca ninguém me pediu para escrever sobre determinada coisa ou assunto até o dia de hoje. Claro que não me refiro aos anos de faculdade ou trabalho quando digo nunca. Mas hoje uma moça dessas bonitas, mais bonitas do que aparentam, me pediu para escrever sobre o serviço dela. Achei curioso o pedido se bem que sabia ser uma brincadeira ou um jogo de falta de assunto entre duas pessoas que mal se conhecem mas gostam de interagir.  Claro que eu respondi que melhor seria ela mesma escrever. Não aceita o desafio?! Propôs ela. Desafio?! Pensei. Logo eu que gosto de escrever livremente teria alguém me desafiando a mente?

Tranquilamente perguntei sobre o que se tratava e enquanto ela relatava sobre os pregões das bolsas, sobre licitações presenciais ou on line e nada daquilo fazia nenhum sino tocar em minha cabeça que se transformaria em algum belo texto... Mas também por outro lado vinha o desejo de agradar a doce cansada moça e deixei ela se explicar.
Fiquei ouvindo atentamente, mais lendo que ouvindo, mas as palavras iam embora rapidamente e enquanto ela falava das pressões e do cansaço, de estratégias de marketing, de leilões corporativos, de belos executivos... Que os homens belos eram a parte melhor deste emprego.. RS.RS.. Essa parte foi fácil de entender! Eu comecei a visualizar uma outra vida dura diferente da minha e preferi pensar no sorriso dela ao amanhecer como é que seria.

Desafio nenhum me faria escrever sobre o que ela me pediu. Eu deveria ter dito a ela que mais fácil e mais gostoso seria escrever sobre ela, a moça que me viu passar e resolver dizer oi e me ofertar um elogio sem destino falso. Há elogios que chegam até a gente descalços. Esses elogios a gente guarda no coração por uma vida inteira. Estes não possuem marketing, não pertencem a bolsas de valores, mas valem mais que pesam e emprestam para um outro uma nova alegria. Vontade de dizer a ela que por onde ela passa as ruas ficam mais belas. Então pensei: há coisas que ficam melhores escritas.


--------------------------------------------      Para Mônica Mello.
Uma moça que merecia um texto melhor, mas foi o que deu para fazer em 4 minutos. Um abraço, Marília.