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ENCONTRO MATUTINO - PART TWO
Encontro matutino (part two)
Marília L. Paixão

E assim ficou combinado
Ana se foi em busca das flores
Marília ficou um pouco receosa perto da porta
Não sabia o porquê do medo
Sempre disse que para morrer qualquer hora podia
Já tinha tido grande parte de felicidade pela vida
Mas de qualquer forma parecia doloroso ficar lá enquanto Ana partia
Conformou-se em ficar mas o coração queria ir junto
Afinal, por onde anda Ana, anda muita coisa boa junto.
Não que não fosse um prazer fazer companhia para Goreti morta
Mas a palavra “morta” não parecia muito bonita àquela hora
Estava começando a ficar tensa quando viu Ana voltando
- O que foi Ana? Mudou de idéia? E as flores???
- Não mudei de idéia não, Marília...
- Por que voltou, então?
- Sei lá... Sabe o que pensei?!
- Fala Ana?
- Dizem que os mortos chamam as pessoas que são queridas.
  Dizem que eles pressentem quando estão a sós conosco...
- Se isso for mesmo verdade... se ela te chamar..você diz que sou eu.
- Como assim Ana?! Explica esse negócio direito.
- Se ela te chamar pelo nome, você diz que você sou eu e que a Marília foi comprar as flores para ela.
- Mas qual a diferença, se eu disser que sou você ela vai querer chamar você!
- Vai não. Ela sabe que tenho meus filhos e vai me deixar quietinha. È mais fácil ela querer chamar você. Você topa tudo Marília, ela vai preferir chamar você!
- E ela sabe que eu não sou muito agarrada a nada! Mas eu estou voltando a gostar da vida, Ana... rs.rs...  Você não acha que é melhor eu ir buscar as flores?! Já que ela não te chamaria...
- Pode ser Marília...
Mas Ana pareceu-me um pouco tensa.
- Nada disso Ana. Você vai e eu faço como você mandou. Se ela chamar eu digo que eu sou você e seja o que Deus quiser. Mas me dê um beijo antes, Ana. E prometo que quando você voltar eu não estiver aqui, se eu tiver atravessado a porta para conversar com ela, eu não te chamo e nem deixo ela te chamar.

Primeiro Ana me olhou bem no fundo dos olhos. Depois ela me abraçou tão fortemente que pareciam uns dez abraços em um. Em seguida ela se foi e eu fiquei lá olhando sem medo para a porta da manhã onde nossa amiga tinha morrido. Bem que ela podia não ter morrido. - Você também não devia ter deixado a porta aberta, goreti!!! Agora estamos aqui morrendo de medo de ti.

Devo ter falado muito alto a última oração. Logo em seguida ouvi a voz doce de goretidias:
- É você, Marília?!
Estremeci.
- Marília?
- Não querida, sou eu não, eu sou a Ana. A Marília foi buscar flores pra você.
- E lá onde Marília foi buscar flores eles falam o português de Portugal ou do Brasil?
Não tenha medo de mim, Marília...
Seu português é até bom mas continua sendo Brasileiro, Marília
- Mas eu sou a ana! Só não posso jurar na hora da morte, amém! E minha hora não chegou, não é mesmo?!
- marília...
- ana...
- marília...
- ana...sou a ana jesus!!!










Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 29/04/2008
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