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SAUDADE DE MIM
SAUDADE DE MIM
Marília L. Paixão

Novamente fui à Ouro Preto passando perto de Ouro Branco. Desta vez uma viagem mais rápida e objetiva, mas com todas as intenções que valem ouro. Voltei feliz como quem sobe a montanha até Maomé. E na volta uma paz de outra missão cumprida me encheu os pensamentos de amor à família. Têm coisas cuja importância parece vir tarde, mas são sempre bem-vindas. Nunca é tarde para atos de amor. Nunca! Pode escrever isso em qualquer lugar e mandar qualquer um assinar embaixo que todos assinarão.

Estava lá dirigindo e pensando nos meus últimos dez textos antes de um intervalo necessário para outros que desejo com uma dose maior de serventia. Então pensando que gostaria de escrever o próximo para as mulheres que amo enquanto pensava nas minhas irmãs e em qual amava mais. Tarefa difícil demais! Fiquei pensando e rindo. Parecia-me que eu tinha que amar mais a que eu achava que na vida havia sofrido mais.

Até este pensar era estranho. Como saberia ao certo qual teria sofrido mais? Enquanto pensava em minha irmã Isaura que eu amava demais. Depois pensava em outra que havia se casado três vezes. Será que ela não teria sofrido mais? Depois pensei na que se casou uma vez só e depois de separada parecia apenas casada com excesso de trabalho, não seria essa a que sofreu mais? E uma que havia adoecido jovem demais! Meu Deus! Qual será que sofreu mais? Talvez eu, idiota por estar aqui tentando calcular tristezas dos outros.

E não posso deixar de escrever sobre as mães que não são boas. Este texto está mais que prometido e será bem complicado. Depois veio um outro reclamando de um conto que não coloquei fim. Que conto? Fui lá nos meus contos e não achei nenhum comentário com o nome dele. Meus amigos ocultos que não deixam rastros começam a aparecer. Depois que eu sumir todos irão me esquecer. Talvez eu passe a ser uma pipa desaparecida no ar sem nenhum caçador atrás de mim. A não ser que eu retorne com uma bela caça. Aquela caça sem fim. Uma que consiga deixar vocês sempre com saudade do que escrevo. Na literatura a esperança é alma do negócio. E quanto ao que eu escrevo, sou otimista dos pés à cabeça. Pelo menos eu sei que eu fico com saudade de mim.
Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 18/05/2008
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